SOBRE A COPA, OLÍMPIADAS, INVESTIMENTOS E RETORNOS
Desde que eu era criança sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas era uma meta para qualquer país do Mundo, sobretudo para o brasileiro. Os países brigam a tapa para fazê-las. Coreia, Africa do Sul, Espanha e China, entre outros, fizeram eventos desse tipo há poucos anos. Alguns tiveram retorno imediato, outros não.
O Brasil tem algumas vantagens comparativas: o gigante adormecido tem a Floresta Amazônica, o Pantanal, litoral gigantes, povo multiétnico, multiculutral, um país que é um continente; manifestações culturais belíssimas como o Carnaval, o Maracatu, o Bumba Meu Boi, as Festas Juninas do Nordeste, as Cavalhadas, festas japonesas, italianas, portuguesas; um povo alegre que curte futebol desde que nasce e que ensinou o mundo a jogar bola; 200 milhões de pessoas em ação, com uma classe média que cresceu quase 100% em 10 anos; política de relações internacionais norte-sul e sul-sul, consolidada e que nos garante a falta de conflitos com qualquer país do mundo.
Não vou falar muito do que significa a realização de um evento mundial para os países desenvolvidos porque isso é óbvio: traz taxa de retorno devido à publicidade gerada ao país, amplia turismo, gera demanda por infraestrutura (aeroportos brazucas já crescem a taxas chinesas desde 2003, por exemplo) e tem "spin offs": melhora imagem do país e gera condições mais adequadas para o comércio exterior e a geopolítica como um todo. Na Guerra Fria, por exemplo, URSS e EUA fizeram vários embates nos esportes e que tiveram reflexos na política e na economia mundial.
O Brasil lutou por isso, já sediou Copa, Pan Americano e será importante para ampliar nossos horizontes no mundo. O país cresce continuamente há mais de dez anos, tendo reduzido sensivelmente o desemprego. Cerca de 30 milhões de pessoas saíram da miséria e da pobreza, ampliando o consumo de bens duráveis e construindo bases para avanços sociais mais consistentes. Em meio à pior crise econômica mundial desde 1929 conseguimos atenuar seus efeitos e conseguimos ampliar nosso comércio exterior e nossa diplomacia. Temos condições de dar um passo à frente, aprendendo ao fazer a Copa do Mundo e as Olimpíadas em nosso país.
De fato, há problemas de saúde, educação, cultura, sociais e infraestrutura no Brasil. Problemas seculares advindos de um processo histórico de acumulação de capital predatório, excludente, subserviente aos países centrais, discriminatório e racista. Temos de melhorar todos os serviços públicos, a proteção ao consumidor, reduzir o spread bancário e preservar o meio ambiente de fato, em todo o país. Isso é pauta para ser resolvida e que teve avanços consideráveis nos últimos anos. Mas precisamos sempre de mais.
Contudo, deve-se ressaltar que há exclusão e problemas sociais nos EUA, Europa e até no Japão (desemprego e pobreza aumentaram na OCDE). E CQD, todos os países do BRICs e vários subdesenvolvidos já sediaram esses eventos. Se seguíssemos o raciocínio "de que o país é nossa casa e que temos primeiro que deixar limpinha e arrumada para podermos sediar eventos desse porte", somente os países escandinavos, e olhe lá, poderiam fazer Copas ou Olimpíadas.
Não acredito que isso seja a panaceia universal. Talvez o investimento direto nas áreas sociais e de infraestrutura, tão criticadas, fosse até mais eficaz. Há uma controvérsia entre políticos, economistas e estudiosos no assunto sobre isso. A questão é que um Estado e seu Governo não podem colocar todos os ovos numa cesta. As políticas públicas exigem uma racionalidade abrangente e matricial em que não se personaliza a gestão. Apesar de preferir construir escolas, hospitais, tecnologias sociais, museus e parques, temos de viver em mundo globalizado articulado e que possui um modo de produção contemporâneo inquestionável em sua infraestrutura e superestrutura.
Porém, a elevação da autoestima brasileira, aliada a uma exposição mundial do país, para muito além do Rio de Janeiro, da Amazonia, do samba e do futebol em si, nos darão uma nova imagem enquanto país, plural, continental, pluriétnico e pluricultural. A possibilidade de termos milhões de terráqueos circulando pelo país, se apaixonando por ele, elogiando-o ou criticando-o, propicia novas relações sociais que podem até colaborar para uma cidadania global, onde resolvendo problemas dos outros resolvemos os nossos. As nossas vantagens comparativas têm de ser expandidas e articuladas às árvores de problemas para que isso um dia se tornem pontos fortes de nossa nação.
Outra questão é que já assumimos o compromisso de fazer os eventos. Uma coisa era ter protestado quando apresentamos as candidaturas. Por que agora que assumimos os compromissos? E se não for no Brasil, o mundo deixa de fazê-los? Afinal, o mundo todo está mergulhado na pior crise econômica desde 1929...
A seguir links sobre estudo que comprova: Copa 2014 trará taxa de retorno acima do investido...
http://www.brasileconomico.com.br/noticias/copa-2014-vai-gerar-r-142-bi-adicionais-para-o-brasil_85540.html
http://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/922.pdf
http://www.copa2014.gov.br/pt-br