quinta-feira, 27 de março de 2014

Divórcios, ressentimentos e projetos: a eleição 2014 reafirma projeto Lula-Dilma

Um divórcio sempre é difícil. A condição construída entre as rupturas geradas da coalizão que governa o Brasil desde 2003 nem sempre agrada a todos e o movimento de rupturas ocorre porque não é possível agradar a todos, sempre. Genoino contava há alguns anos que Marina foi formada por ele e por vários membros do PRC que a alfabetizaram e fizeram sua formação política. O PRC, junto com a Convergência e a DS compunham o PT sem necessariamente se incorporar ao Partido dos Trabalhadores. 

Ela era a braço direito de Chico Mendes, que investiu muita energia nela. Marina viveu a dissolução daquela organização e veio para a Articulação. No entanto, sua visão de mundo mudou: ela passou a ser evangélica. E vislumbrou, ou delirou, em ser a nova "Lula". Não foi aceita, claro, e se aliou à Natura e ao Itaú para continuar a "viagem" das Redes, conceito muito discutido na Nova Esquerda, nos anos 1990. É o que acontece hoje, de acordo com a física molecular e o princípio de Incerteza de Eisenberg, atualizando as comparações de Marx com as "ciências duras" no século XIX (há dezenas de páginas em que o corifeu da teoria da praxis faz relações sobre isso...). Contudo, os partidos políticos continuam dominantes, mesmo com sua consistência gelatinosa no Brasil. Logo, o insucesso de Marina para criar seu "partido" e o centralismo democrático na adesão ao PSB são elementos explicativos de que a política teve mudanças, porém sua transição não é aquela vislumbrada por muitos militantes. Ela ocorre de acordo com o processo histórico e nada indica que ela será o que alguns intelectuais prospectam: ela será a sintese de conflitos vindouros.

Eduardo Campos é neto Arraes, das Ligas Camponeses. O "cara" que virou santo em PE porque levou água encanada para mulheres que andavam "com lata d'água na cabeça" no sertão. Senhor sinal de democratização nos anos 1960. Tinha lado. Nos anos 1980-90, já tinha virado um senhor. Seu grupo já tinha motoristas que abriam as portas e esperavam o "Doutor", etc. O neto pegou essa fase. Ele tinha todo o direito de reivindicar a cabeça de chapa em 2018 para a Presidência da República. Infelizmente, sua concepção de mundo o levou para o outro lado.

Política não é feita de ressentimentos, ódios, inveja e preconceitos. É feita de acordo com as concepções de mundo e, claro, das perspectivas e interessses. O ódio de Marina ao PT ainda é grande e Campos não consegue meter pau em Lula porque se fizer isso morre eleitoralmente no Nordeste. Atacar Dilma é mais fácil. Porém, o ressentimento, os sentimentos mundamos, graças a Deus (rs) não movem o mundo. São ideias, valores, concepções (Hegel) e a "barriga" (a economia, estúpido!) que transformam o Brasil e o mundo.

E daí se mostra a aliança oportunista PSB-Rede: o programa conjunto de PE com Itaú e Natura em uma estrutura de coronelismo pernambucano (o PRC lutava contra Arraes...rs) e corporações quase transnacionais, aliados a "ambientalistas" parciais não é rede de atores sociais: é um conjunto vazio. Resta o neoudenismo evangélhico, burguês, coronelista e patrimonialista de sempre. Uma "Torre de Babel" anti-PT.

https://www.youtube.com/watch?v=RTF2xKbPPhk