terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Dilma e Movimentos: Não tem uma coisa de cada vez, é tudo ao mesmo tempo agora!



O Luis Carlos Azenha, do Blog Viomundo, escreveu hoje um excelente artigo sobre as falhas de comunicação do PT e do governo Dilma. Achei um tanto fatalista:
Governo Dilma e PT perderam a batalha da comunicação. Agora, é tentar evitar o impeachment


Não sou tão pessimista assim.






Acredito que o governo Dilma errou muito na relação com o Congresso, com os empresários, com os movimentos sociais e com toda a sociedade. Sabemos que as características pessoais de um governante mudam a forma de comunicação dos governos. Basta notar Chávez, Castro, Mujica e qualquer sucessor de um governo progressista.



Foto: Brendan Smialowski / AFP



Mas estamos fazendo isso há muitos anos, o próprio mensalão surgiu a partir das contradições internas na montagem da mesa diretora da Câmara Federal em finais de 2004. Só que contamos sempre com a presença de um artilheiro matador, uma espécie de Super-"Romário" da política, um tal de Luiz Inácio - 13, que leva o time para a galera e vira o jogo. O time fica quase sempre emaranhado no meio de campo ou até nas bocas do nosso gol, mas o desequilíbrio vem da sua força, com a bola no peito e os gols acontecendo... O governo é bom, fez excelentes coisas, mas a comunicação, o instituto do animal político e a empatia constroem vitórias sempre.




Digamos que o PT só começou a falar em internet depois de 2002. E começou a falar em redes sociais na década de 2010. Em junho de 2013 li e ouvi de militantes do PT que as manifestações de junho eram fruto de filhinhos de papai, pessoas que não eram de esquerda (e aí me refiro ao movimento estudantil e ao MPL, PSOL, PSTU, PCO, PCB, entre outros de esquerda que iniciaram aquelas jornadas...). Logo, houve uma demora, um "delay" entre a nossa militância e seus governos e as mudanças comunicacionais.



(de


http://www.pressenza.com/pt-pt/2014/07/apresentacao-paulo-genovese-workshop-da-pressenza-global-midia-forum/)






Até estamos fazendo bem o papel. O problema não é não termos os posts do dia, temos de fabricá-los, fazer gambiarras ou textos sem figuras... As "figurinhas" aparecem dois dias depois, semanas depois, etc. O que não me parece o maior problema, pois a nossa riqueza é a pluralidade, a versatilidade e a capacidade de errar e acertar ao mesmo tempo. Dá mais credibilidade e aceitação da espontaneidade e da emoção no processo comunicacional. Ele talvez seja a nossa força, algo que a direita não consegue porque tudo é fabricado, às meticulosamente planejado em uma agência de propaganda. Diríamos que aparenta ser fake.


O maior problema é que estamos acostumados a esperar o Planalto agir, para o partido ser acionado e depois tudo e todos. Ou gostaríamos que isso acontecesse e, claro nunca ocorreu... rs E agora terá de ser distinto: partido, movimentos e blogosfera têm de ter uma política de comunicação social mais articulada e ágil, tendo jornalistas ou profissionais de comunicação social dedicados no governo às redes sociais. Para fazer a propaganda das ações de governo, das políticas públicas e respostas mais centrais aos posts que mais incomodam no dia, na semana, no ano.


Os movimentos sociais têm seus militantes voluntários, alguns com muita experiência, outros não e até jornalistas militantes ou profissionais que atuam na sociedade civil. Eles se ocuparão ao que interessa às pessoas e à classe trabalhadora para si. Podem ser a favor ou contra o governo ou aos partidos. E isso faz parte desse processo, na qual tenho sérias dúvidas de que tudo correrá para um possível pedido de impeachment. Tendo a acreditar que "presta atenção" do Azenha reflita a insatisfação do governo federal em ter mais agilidade nas respostas institucionais nas redes sociais e na internet, ao invés de esperar a pauta da mídia convencional.



Não tem mais centro nervoso, tem redes neurais articuladas e agindo no caos.


E como somos todos newtonianos, eletromecânicos, teremos de ser quânticos e eletroeletrônicos...rs