Polêmicas Vazias e Eleitoreiras
O Brasil, após décadas sem fazer eventos de nível mundial e que ocorrem em períodos relativamente longos, vai realizar a Copa do Mundo (14) e Olimpíadas, em 2016. A decisão ocorreu nos anos 2000, porém somente em 2013, com as grandes manifestações realizadas pela sociedade civil em defesa da pauta social começou a se questionar a realização de grandes eventos esportivos internacionais.
Tenho visto muitas pessoas criticando a Copa do Mundo e as Olimpíadas aqui. Muitas pessoas de esquerda fazem esta crítica porque o esporte de competição pertence à racionalidade econômica dominante (Gorz) e não colabora necessariamente para a cooperação, distributivismo ou mesmo solidariedade. De fato, o que ocorre nestes eventos é uma espécie de spin-off, na qual parte dos investimentos feitos retornam em desenvolvimento social ou até ambiental. E se fossem aplicados diretamente talvez surtissem bom efeito. Talvez estejam certos, sobretudo se a racionalidade for solidária, sequer socialista (basta ver o que URSS, China, Cuba e outros países fizeram com o esporte para ver que este assunto é mais complexo do que esta dicotomia). A eles, o meu respeito.
Contudo, percebo que as críticas que são feitas não levam em conta os benefícios que são trazidos por eventos deste porte no turismo, na infraestrutura (ou na indicação de falta dela), na gastronomia e, principalmente, na imagem dos locais que a sediam. Ou seja, num mundo capitalista isso propicia muito retorno em marketing e propaganda, o que traz retornos indiretos muito bons, semelhantes ao Carnaval ou à Parada do Orgulho Gay ou mesmo marchas de movimentos religiosos e que reúnem centenas de milhares ou milhões de pessoas. Isso sem contar com a propaganda de jogos e competições que são assistidas por bilhões de pessoas ao redor do mundo.
O Brasil cresceu muito e se tornou uma das dez maiores economias do mundo e um dos dez países mais populosos com cerca de 200 milhões de habitantes. Essa condição, aliada à presença de setores industriais, agrobusiness, turismo, cultura e abundância de recursos minerais e ambientais fazem do Gigante Esplêndido uma potência emergente e que incluiu social e produtivamente dezenas de milhões de pessoas nos últimos anos. Falta fazer propaganda disso para ocupar o espaço em nível mundial. China, Russia, Coreia, Espanha e África do Sul, entre outros, fizeram isso. Até porque precisamos ter mais comércio exterior e ter mais alavancagem para ter mais desenvolvimento social. Haverá impacto ambiental, sem dúvida, mas isso terá de ser discutido na esfera pública.
O Brasil realizou os Jogos Pan Americanos e mesmo no Governo Lula isso não teve repercussão negativa, além da grande crítica à malversação de verbas e à péssima execução e/ou planejamento. De qualquer maneira, parece haver muita polítização desse debate, sobretudo na questão eleitoral em si.
Exemplos em outros esportes estão aí, inclusive no Brasil. A realização da Fórmula 1 (F1) em Sampa segue a mesma correspondência. Ela ocorre há mais de 20 anos na capital paulista, após lapso de quase dez anos em que ela ocorreu em Jacarepaguá (Rio). Os benefícios trazidos para a hotelaria, gastronomia e para a imagem do Brasil e de Sampa são indiscutíveis. E não existe nada mais competitivo ou ligado à revolução tecnológica capitalista do que F1. Ninguém até hoje fez manifestações para acabar com F1 e F Indy no Brasil. Porém, em ano eleitoral, isso se transformou em pecado, até para eleitores conservadores...
Este artigo relembra o que a ex-prefeita, atual deputada e sempre assistente social porreta, Luiza Erundina fez ao trazer de volta para Interlagos este evento. E por que não pedem o fim da F1 ou da Indy aqui?
Veja este link:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi78NkBlB7YIiTdv61RF9ptzWG75e0lAvZ5eVzo4lMfGOPpn0CoQFgwcNPdGr4lm7yGFpFQFgIdG_3t0j-pbt6Gm-TtcvHqIYarkmXiL34GXQkv7lxmU8t_HV4JGDFlAwiQNJxv4_MupRk/s1600/interlagos+1990.jpg)
http://esportefino.cartacapital.com.br/o-dia-em-que-a-prefeita-salvou-interlagos/
Um comentário:
não pedem pq f1 e indy são esportes cheirosinhos. Eles não poderiam se deliciar em nosso autódromo, remodelado e um dos mais bem equipados, com dinheiro público!
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