A Folha de São Paulo publicou repercussão do artigo da revista "Nature", a respeito dos investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) no Brasil. Leia aqui. Houve avanços nade ciência, tecnologia e inovação (PCTI) brasileira. Mas o final deste artigo levanta o ponto crítico: falta foco nela .
O artigo da Nature possui um vínculo ligado à cientometria, como não poderia deixar de ser, tem estreito vínculo com a produção científica dos EUA, que é uma das melhores do mundo mas que vem tendo menos resultados quando confrontados com países como a Suiça e desafiados por países como a China. A referida qualidade da pesquisas dos EUA caiu nos últimos dez anos, seja pelo fatiamento dos "papers", seja pelas mudanças qualitativas de RH no período ou qualquer outro motivo não explicitado e que não é foco deste artigo. Assim mesmo, críticas podem ser feitas sob essa ótica para o Brasil.
Fonte: Nature
No Brasil ainda se produz ciência e algumas tecnologias que são ofertadas ao setor produtivo sem que ele tenha demandado. A voz do cientista se torna algo a ser apreciada pelos seus pares e para alimentar a cientometria. E as demandas sociais ou econômicas ficam em segundo plano. Algo que toda a América Latina fez durante décadas. Há uma continuidade de 40 anos nesse processo.
Enquanto a Arábia Saudita foca naquilo em que tem vantagem comparativa óbvia (petróleo), o Brasil continua com a lógica do gigantismo, do ofertismo-linear, síndrome das políticas adotadas na área nos anos 1970 e que tentavam copiar o modelo norteamericano. E que é inaplicável para nós, dado o tamanho do PIB ianque e as características peculiares de nosso setor produtivo. É claro, diferentemente da Suíça ou da Arábia Saudita, somos um país semicontinental, com mais de 200 milhões de habitantes e uma produção de C&T plural que não tem como ser focada como a de países pequenos.
O Chile está no caminho certo na América Latina. Falta a comunidade de pesquisa brasileira, que comanda a PCTI, se tocar e focar naquilo que são nossas vantagens comparativas. O que certamente seria muito doloroso, mas que de certa forma já vem ocorrendo.
Nesse sentido, o Estado, que é o principal investidor precisa articular o seu poder de compra para estimular a inclusão social e produtiva, a educação, a saúde pública (SUS), reduzir o impacto ambiental a partir de políticas ambientais que garantam a segurança energética e hídrica, utilizar os recursos do pré-sal para a produção limpa e sustentável de petróleo e ampliar os direitos à educação, habitação, transporte coletivo, entre outros objetivos.
Dada a referência que o Estado tem na indução, no financiamento e até na economia (Embrapa, Petrobras, Embraer, Vale, além do BB, CEF e BNDES são exemplos, mesmo com a privatização...) não se pode esperar somente que o Mercado se preocupe com isso.
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