terça-feira, 15 de outubro de 2019

Lemann e as inovações na política: quebrará a onda?


Toda relação técnica de produção reproduz novas relações sociais de produção, dizia Marx.

A reestruturação produtiva, a intensificação das tecnologias de informação (TI), o toyotismo, os novos materiais e a nanotecnologia mudaram o mundo. Meio ambiente, religião, moda, relações pessoais, familiares, etc, tudo mudou! E por que isso não ocorreria na política?

O famoso ciclo de Kondratief -Schumpeter, uma espécie de curva senoidal que trata do processo de inovação, concentração e distribuição de capital por décadas afora, é um instrumento que descreve o comportamento econômico após entradas de inovações desde o século XIX. Agora, os bilionários do planeta decidiram inovar: não querem distribuir renda para poder ganhar mais $. Querem manter o que acumularam e deixar mais de 3 bilhões de pessoas na fome e na miséria no planeta. 

Fizeram um movimento internacional de extrema direita que busca a eliminação de direitos e a concentração de capital, com mais dinheiro nos cassinos, robotização, uso de TI e tudo mais.

Agora, nosso bilionário de estimação, um neoliberal que acabou com a Antarctica, a Brahma e entregou tudo para os belgas tornando-se bilionário fez mais uma reengenharia, dirigindo a Interbrew e sendo dono das franquias de uma rede de fast foods ianque. Um legítimo sócio-menor do capital internacional. Agora, Jorge Paulo Lemann inovou na política.

Fonte: Istoé Dinheiro

Os partidos políticos nunca foram muito fortes, organizados e estruturados no Brasil. Os partidos de centro e de direita são frágeis, têm pouca tradição e alguns são de aluguel. Isso é algo notório. A reforma política não saiu do papel e Lemann fez uma ação de "reestruturação produtiva", de flexibilização em que surfa nas ondas políticas em uma estratégia sofisticada em que montou uma rede pluricelular de deputados. 

Como em suas empresas, fez uma seleção de recursos humanos de acordo com seus objetivos estratégicos, histórias, trajetórias, perfis e distribuição nacional. Escolheu partidos do campo progressista para infiltra-los, para não se misturar com legendas “queimadas”, atrair as juventudes, terem caras novas, influenciando um conjunto amplo de políticos, de acordo com seus interesses econômicos, sociais e com a cara do Burger King e da Ambev. Show de bola.


Fonte: Reuters, Câmara Federal


Sem histórias de atuação nas bases eleitorais, com perfis até de geeks, boa aparência, bom nível de estudo, dinâmicos, simpáticos, foram eleitos em seus estados. São funcionários padrões de Lemann e se articulam em vários partidos, alguns sérios como o PDT e o PSB, seguindo a linha neoliberal em uma rede de deputados coerente, programática e que está no mercado eleitoral, num nível celular, orgânico e inovador. Os interesses do bilionário são garantidos de forma invisível, sem desgastes, com cara de “mocinho”.

A politica deixa de ter postos de trabalho para estar no fluxo de produção política. As pautas dos bilionários agora são defendidas por nuvens de deputados, alojados de acordo com os interesses do clube dos mais ricos. Os partidos progressistas têm de ficar espertos e não caírem no canto da sereia... rs! Na próxima, porque nessa caíram feio e os direitos sociais e trabalhistas estão indo para o vinagre.



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