terça-feira, 18 de novembro de 2014

Ciência, Tecnologia e Inovação - apostar no Estado pode ser o caminho para o Brasil

A Folha de São Paulo publicou repercussão do artigo da revista "Nature", a respeito dos investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) no Brasil. Leia aquiHouve avanços nade ciência, tecnologia e inovação (PCTI) brasileira. Mas o final deste artigo levanta o ponto crítico: falta foco nela .
O artigo da Nature possui um vínculo ligado à cientometria, como não poderia deixar de ser, tem estreito vínculo com a produção científica dos EUA, que é uma das melhores do mundo mas que vem tendo menos resultados quando confrontados com países como a Suiça e desafiados por países como a China. A referida qualidade da pesquisas dos EUA caiu nos últimos dez anos, seja pelo fatiamento dos "papers", seja pelas mudanças qualitativas de RH no período ou qualquer outro motivo não explicitado e que não é foco deste artigo. Assim mesmo, críticas podem ser feitas sob essa ótica para o Brasil. 

Fonte: Nature
No Brasil ainda se produz ciência e algumas tecnologias que são ofertadas ao setor produtivo sem que ele tenha demandado. A voz do cientista se torna algo a ser apreciada pelos seus pares e para alimentar a cientometria. E as demandas sociais ou econômicas ficam em segundo plano. Algo que toda a América Latina fez durante décadas. Há uma continuidade de 40 anos nesse processo.
Enquanto a Arábia Saudita foca naquilo em que tem vantagem comparativa óbvia (petróleo), o Brasil continua com a lógica do gigantismo, do ofertismo-linear, síndrome das políticas adotadas na área nos anos 1970 e que tentavam copiar o modelo norteamericano. E que é inaplicável para nós, dado o tamanho do PIB ianque e as características peculiares de nosso setor produtivo. É claro, diferentemente da Suíça ou da Arábia Saudita, somos um país semicontinental, com mais de 200 milhões de habitantes e uma produção de C&T plural que não tem como ser focada como a de países pequenos.
O Chile está no caminho certo na América Latina. Falta a comunidade de pesquisa brasileira, que comanda a PCTI, se tocar e focar naquilo que são nossas vantagens comparativas. O que certamente seria muito doloroso, mas que de certa forma já vem ocorrendo. 
Nesse sentido, o Estado, que é o principal investidor precisa articular o seu poder de compra para estimular a inclusão social e produtiva, a educação, a saúde pública (SUS), reduzir o impacto ambiental a partir de políticas ambientais que garantam a segurança energética e hídrica, utilizar os recursos do pré-sal para a produção limpa e sustentável de petróleo e ampliar os direitos à educação, habitação, transporte coletivo, entre outros objetivos. 
Dada a referência que o Estado tem na indução, no financiamento e até na economia (Embrapa, Petrobras, Embraer, Vale, além do BB, CEF e BNDES são exemplos, mesmo com a privatização...) não se pode esperar somente que o Mercado se preocupe com isso.
Referências:

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

São Paulo ainda é a locomotiva do Brasil?



No dia 06 de novembro, tivemos a notícia por todas as mídias que o PIB industrial de São Paulo teve queda na participação nacional. (Clique aqui.) Isso se deve em grande medida à diversificação produtiva do estado, que migra da indústria para o comércio e os serviços. Serviços como aqueles desenvolvidos pelos bancos, Bolsa de Valores, meios de comunicação, educação, saúde, cultura, entre outros. Assim, apesar da crise internacional, das dificuldades inseridas em um processo de desindustrialização e de reposicionamento do setor industrial paulista e brasileiro no mundo, isso não necessariamente é uma péssima notícia. Tudo depende de como o estado assume seu projeto para o século XXI.

Aqui, só para efeito ilustrativo, se encontra um gráfico sobre o crescimento do PIB no Brasil de 1994 a 2014, elaborado por Gomes e Cruz (2014). Não é o foco deste artigo, porém uma análise superficial permite avaliar que o país passou por altos e baixos em sua produção, tendo as crises internacionais impactado severamente nossa economia, como em 1998, 99, 2001 e 2008-9. Pode-se perceber que o primeiro mandato do Governo Dilma teve forte redução do PIB, ainda impactado pela crise mundial de 2008, a pior desde 1929 e que mesmo puxado pelo consumo, pelo aumento da massa salarial e por outras políticas anti-cíclicas, tivemos muita instabilidade no período. Assim como o primeiro governo Lula, que sofreu crise de confiabilidade em 2003, estamos em um momento semelhante, como se observa no gráfico:


Voltando aos dias de hoje, faz mais de um ano que o governo federal tem sido atacado por causa do PIB fraco. E, de fato, há o reflexo da economia internacional, sobretudo a redução do crescimento do PIB chinês, está na ordem do dia. Há problemas internos com o baixo crescimento da indústria, a oscilação das commodities no mercado internacional e a falta de confiança dos empresários para investir, algo que impacta inclusive a taxa de investimento. O "pibinho" é voz corrente na mídia econômica. E isso preocupa nossos melhores economistas de todas as vertentes de pensamento. Não podemos ter desenvolvimento econômico com inclusão social e produtiva sem crescimento via de regra.

São Paulo, terra dos jesuítas, dos bandeirantes, das culturas de cana de açúcar e do café, conseguiu manter um agrobusiness pujante e se tornou no século XX a locomotiva do Brasil. Simbolismo do estado que puxa as outras unidades federativas devido ao desenvolvimento das forças produtivas. Aqui estão os trabalhadores de todo o mundo, o capital, as ferrovias e as condições para que o capitalismo industrial se manifeste em toda a sua plenitude. É esta a expectativa que se traz ao pensarmos em São Paulo, a ex-terra da garoa.

Fiquei intrigado com a falta de informação sobre o PIB do estado de São Paulo sistematizado nos últimos anos. Acredito que o IBGE poderia detalhar esses dados de maneira que possamos fazer estudos e comparações que auxiliem no entendimento da situação atual. E é muito interessante como o próprio dado do PIB 2013 se encontra dificuldades para se obter o dado exato. Na SEADE, a mesma dificuldade, com a falta do PIB estadual em uma série histórica. Há muitos dados fragmentados, o que dificulta a análise fria dos números. Finalmente, achei os valores oficiais, tabulei e produzi os gráficos:


O primeiro trata do crescimento nominal do PIB. Nele, observamos que o crescimento teve várias fases. No governo FHC, pode-se notar que o crescimento do PIB guarda um gradiente de crescimento semelhante no primeiro governo. O congelamento do real em relação ao dólar, o crescimento das importações, as privatizações, entre outras ações, mantiveram o país com crescimento fraco.  Entre 1995 e 1998, a participação de São Paulo no PIB cai de 37,3 para 36,1%, refletindo a complacência de Covas à privatização do Banespa, o aumento da guerra fiscal e os efeitos da sobrevalorização do real em uma economia em que o comércio exterior tem forte impacto.

A "farra" das importações e a falta de política industrial gerou desemprego, inflação baixa e uma sensação de que o Brasil crescia, apesar da estagnação. Isso foi rompido em 1999, com a megadesvalorização do real e com o descontrole da inflação, da taxa Selic crescente e a explosão da dívida pública. Coincidentemente, houve maior crescimento econômico além de aumento da geração de empregos formais. A crise da Argentina, em 2001, atinge ainda mais fortemente o Brasil e gera queda de confiança com o futuro. A participação de São Paulo, com indústrias, agrobusiness e setores financeiros, ou seja, polos dinâmicos da economia, chega a 34,6%.

No governo Lula, a transição do neoliberalismo para o novo desenvolvimentismo começa a ter seus efeitos. Após a crise de confiabilidade inicial, o PIB foi fraco em 2003 e cresceu fortemente em 2004, 5,7% a.a. O governo Lula teve um PIB médio de 4% a.a. e apostou no desenvolvimento de todas as regiões, o que foi bom para todos. Isso fez a participação paulista chegar a 33,1%, mas terminou o primeiro governo a 33,9% do Produto Interno Bruto nacional.

Nesta fase uma certa acomodação dessa participação, com o estado crescendo próximo ao ritmo do Brasil para novamente encontrar na crise em 2008, uma queda sensível neste indicador, com 33,1%.
No governo de Dilma Rousseff parece ter havido uma redução sensível da participação do estado no PIB brasileiro. Os efeitos da crise mundial se fazem sentir na indústria, no agrobusiness e no comércio exterior. Além disso, 20 anos de governo do PSDB, com falta de política industrial, agrícola, comercial, de serviços ou de turismo, seguindo a orientação de políticas neoliberais levaram os empresários paulistas a uma crise de confiança na economia.

Deve-se lembrar que durante o governo da presidenta houve tentativa de redução da taxa Selic, buscando a redução do spread bancário e um incentivo ao crédito. Isso parece ter afetado o mercado financeiro e levou a uma forte pressão por mudanças na área econômica. Claro, no sentido do aumento da rentabilidade dos investimentos bancários e na BOVESPA. Deve-se ressaltar que outros setores como propaganda e marketing se ressentiram de quedas de receitas e que o aumento de vagas públicas em escolas técnicas, universidades e nos setores de saúde também foram impactados pela crise econômica mundial e pela crise paulista.

Não se pode afirmar que os dados atuais sejam totalmente confiáveis, dado que houve correção do PIB de 2013 em maio deste ano e não temos dados corrigidos para São Paulo confirmados. Logo, pode ocorrer um ligeiro aumento da parcela na riqueza nacional. Mas a tendência da curva é muito clara: o estado de São Paulo cresce menos que o Brasil e o estado passou a frear o PIB, dado que seu crescimento está abaixo do país há décadas.

Contudo, pode se observar que a taxa do crescimento brasileiro e do crescimento em São Paulo são distintas, tendo maior dinamismo no crescimento brasileiro do que da terra dos bandeirantes. A queda que aproxima a participação paulista em 31% do PIB brasileiro completa 20 anos em se perdeu cerca de 20% dessa participação. Até o final do governo Alckmin é possível que o PIB de São Paulo cai para menos de 30% do PIB brasileiro continuando a curva decrescente.


Contudo, deixo para as pessoas neste gráfico para ser analisado. A tendência é inequívoca: SP está estagnado em relação ao Brasil. A perda de participação no PIBinho pode levar a antiga locomotiva a ser chamada de "Freio do Brasil". A falta de planejamento estatal, como se revela na segurança hídrica, faz com que haja perda de mais indústrias e sobretudo do agrobusiness, tornando essencial mudanças sensíveis no setor para que não percamos ainda mais setores produtivos em nosso estado.

Talvez isso seja uma explicação plausível para o descontentamento dos paulistas com o governo federal. A reeleição de Alckmin em primeiro turno pode estar relacionada à perda do poder paulista, ao aumento do PIB do setor de serviços e à perda da dinâmica na ex-locomotiva, que se torna pós-industrial sem ter um projeto consistente para o futuro. Assim, considero que apesar  das responsabilidades municipais e federais nessa situação, têm de ser atribuídas ao governo estadual e ao setor produtivo (bancos, meios de comunicação, serviços de saúde e de educação, entre outros) este pouso suave dos paulistas. 
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/11/1544102-sp-foi-estado-que-mais-perdeu-presenca-no-pib-em-dez-anos.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/11/1555181-miseria-cresceu-mais-em-sp-que-em-estados-do-nordeste.shtml

Fontes: IBGE, SEADE, 
Gomes, Gerson; Cruz, Carlos A. Vinte Anos da Economia Brasileira. Brasília, Centro de Altos Estudos - Brasil Século XXI, CGEE, 2014.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um passo a frente... e não estamos mais no mesmo lugar!

As manifestações de junho de 2013 foram um marco no campo progressista, no sentido de discutir a mobilidade urbana e a pauta pela reforma urbana. Porém, ela transcendeu e houve a entrada de movimentos conservadores que procuraram sua apropriação por bandeiras neoudenistas e até fascistas. O seu saldo, porém ficou majoritariamente com os grupos progressistas e viu o surgimento de mobilizações influenciadas por ações de direita, como os "black blocks".

O processo eleitoral de 2014 que vivemos foi aquele em que a racionalidade e os sentimentos estiveram à flor da pele. Foi, sem dúvida, um dos processos eleitorais mais complexos e emocionantes da história da República. O quadro a seguir retrata isso, sobretudo a partir de 2002:


Na racionalidade política, até a morte de Eduardo Campos, houve um processo eleitoral morno, em que os 12 anos de governos petistas haviam reduzido drasticamente, a fome, a miséria, o desemprego, melhorado a educação e a saúde, com crescimento do PIB, as políticas de crédito, o acesso ao consumo e a bens de toda a espécie, como automóveis, eletrodomésticos e telefones celulares e serviços como viagens por avião. A oposição continuava insistindo no neoudenismo e a vitória em primeiro turno parecia real para Dilma, com a monotonia de um candidato desconhecido e com fraca base partidária (Eduardo Campos) e um tucano pouco conhecido nacionalmente e com muitas fragilidades políticas e pessoais (Aécio Neves).

Contudo, isso foi até à morte em agosto do candidato do PSB, Eduardo Campos, neto de um político progressista, Miguel Arraes. A entrada de uma candidata conhecida e com potencial de voto, que curiosamente era sua candidata a vice, Marina Silva, mudou completamente o cenário eleitoral e houve a abertura de perspectivas para a direita voltar ao poder. Ela chegou a ficar em segundo lugar nas pesquisas e tinha potencial para estar à frente de Dilma num eventual segundo turno.

Desvencilhada da pauta progressista, a ex-petista, ex-verde, líder da Rede e filiada ao PSB, Marina Silva apresentou um programa de governo que aliava o neoliberalismo ao conservadorismo comportamental, a um tipo de ambientalismo e à influência evangélica. Repleto de erros, cópias, contradições e falta de estrutura de campanha, sobretudo no programa eleitoral gratuito, Marina viu sua campanha ser desconstruída pelos adversários e saiu do segundo lugar para o terceiro em pouco mais de um mês. Contudo, conseguiu viabilizar o segundo turno e fortaleceu a campanha de Aécio, que ficou nesse período sem entrar em polarização com Dilma, terminando o primeiro turno em segundo lugar, a pouco mais de 10% atrás de Dilma Rousseff.

A ofensiva conservadora foi uma das mais fortes que vivemos. A direita internacional se moveu para combater o centro nervoso da resistência ao neoliberalismo nas Américas: o Brasil. Parte dos setores econômicos conservadores, como meios de comunicação e setor financeiro, fizeram ações políticas de grande envergadura, chegando ao desplante de reduzir a atividade econômica visando derrotar o governo federal. A montanha russa da Bovespa oscilou de acordo com as pesquisas eleitorais. Visões conspirativas a parte (afinal estamos no meio da pior crise econômica mundial desde 1929), foi uma engenharia política sofisticada, com graus de dificuldade altíssimos, como ocorre no primeiro mundo...

O segundo turno representou um embate ideológico, político e social, em que houve a polarização PSDB x PT, resgatando as ações do governo FHC e aquelas do governo Lula e Dilma. A repercussão do que ocorreu em termos de desemprego, descontroles financeiros, corrupção, apagão foram relembrados. E as fragilidades pessoais de Aécio foram exploradas nas redes sociais e nos debates. Como se pode lembrar, a desconstrução do tucano mineiro se deu até por ele mesmo, pelos resultados eleitorais de Minas Gerais, pelas suas atitudes pessoais e pela biografia dele.

A expressão desse avanço conservador tem rastro e história. Ganharam onde os bandeirantes passaram (MS, GO, MT, ao sul o PR) e perderam de novo o Brasil. Eles "acumularam força"? Pelo que se viu nas declarações de Serra ou mesmo de políticos tucanos paranaenses, não necessariamente. As contradições internas nas hostes tucanas serão grandes e neste momento há uma situação análoga àquela das eleições de 1989, com as posições invertidas entre esquerda e direita. Contudo, é perceptível que a derrota proporcionou mobilização de rua e ódio incorporado por anos de propaganda contra o PT, Lula e a esquerda em geral. O avanço eleitoral poderá significar ampliação do bloco histórico conservador.




O PSDB não se saiu melhor das eleições 2014. Apesar de ter sido vitorioso em São Paulo, perdeu o governo de Minas Gerais, reduziu sua participação no Parlamento e está cada vez mais paulista. Tem-se do ponto de vista simbólico uma tradição seletiva da história paulista em todos os sentidos. A "revolução" constitucionalista de 1932 foi resgatada e até no mundo artístico há movimentos que incentivam o reacionarismo. Movimento que foi ensaiado no segundo turno das eleições de 2010 e que foi reforçado, procurando captar setores da classe C. Eles tiveram sucesso relativo, porém insuficiente para a vitória eleitoral. O momento foi positivo para esse avanço eleitoral, porém as bases de sustentação do projeto neoliberal não está espelhado no executivo ou no legislativo, apesar da inédita mobilização das direitas nas ruas.

A posição de Marina Silva e de sua "Rede" ficou um tanto desgastada, perdendo muito espaço, organização e sua situação não permite vislumbrar o futuro. Ao que tudo indica, ficou menor do que quando entrou no processo eleitoral em agosto. Deve ser oposicionista e se aliar ao PSDB. Sua 'terceira via" deixou de existir nesta conjuntura.

O PSB está dividido. Pernambuco teve forte vitória do PT no segundo turno, contra a posição do grupo da família Arraes. Na Paraíba, foi eleito governador em aliança com Dilma. No DF, governador eleito é oposição a Dilma. Assim diríamos que o PSB deve ser disputado numa aliança com históricos e progressistas da legenda.

No campo comportamental houve muitos avanços. O racismo, xenofobismo, homofobia e o preconceito de classe foram explicitados. Saímos da zona de conforto de "Casa Grande e Senzala" e observamos que temos muito a avançar em nossa sociedade multicultural. O Brasil que sai das urnas não está dividido entre norte e sul. Ele é plural, religiosamente, sexualmente, politicamente e nas mentes...rs O amor, o ódio, as paixões ficaram claras e novas clivagens puderam ser observadas.

O obscurantismo trazido pela campanha Marina Silva acabou por reforçar a campanha Aécio no segundo turno, mesmo que ele não tenha incorporado a pauta comportamental dela. A campanha anti-PT foi articulada de forma muito mais abrangente e complexa do que aquela que ocorreu em 2006 e quase levou à vitória o neoliberalismo no Brasil. A percepção de que não é somente o Brasil que está em jogo fica claro agora. A correlação de forças na América Latina muda se o Brasil pender para a direita. O Brasil é um global player e a consciência disso se dá pela campanha estabelecida

O tamanho que o Brasil ocupa no mundo foi proporcional ao ataque das direitas. Temos que reconhecer, contudo, que não se chegou aos ataques vividos na Venezuela, porém foi muito próximo disso. Não houve risco de golpe de Estado porque o Brasil é uma democracia de tipo ocidental, porém os artifícios utilizados foram mais incisivos do que aqueles utilizados nos anos 1950 e 60.

O Brasil está sob disputa de hegemonia. Mesmo governando o Brasil há 12 anos, o maior tempo de uma força política no poder em regime democrático, o Partido dos Trabalhadores tem que analisar esse processo como um aprendizado. Mesmo com mais de 20 milhões de empregos formais gerados, mais de 3 milhões de novas residências, Bolsa Família para mais de 11 milhões de famílias, mais de 30 milhões de pessoas que ascenderam socialmente ou o programa "Mais Médicos", que atendeu mais de 1000 cidades sem nenhum médico, tendo cobertura para 50 milhões de pessoas, isso começou a ficar pouco. Como falava Joãozinho Trinta, as pessoas querem luxo... As pessoas querem sempre mais e isso é bom.

A influência da velha classe média, tema muito abordado por Marilena Chauí, sobre a nova, a classe C, começa a ser efetiva, como se viu nos resultados eleitorais. O social desenvolvimentismo tem de ter uma pauta política, de fortalecimento de uma cidadania ativa e que incorpore amplos contingentes nessa construção. Dado que o consumismo poderá levar esses setores para o neoliberalismo, como vimos na experiência sueca.

Precisamos trabalhar toda essa energia para ações positivas. Temos que melhorar e muito o sistema político, criar condições para melhorar o sistema produtivo, ampliando e aprofundando oportunidades de acordo com nossas vantagens comparativas e combatendo os preconceitos e discriminações. Tendo a acreditar que a correlação de forças não permita uma reforma tributária. A democratização dos meios de comunicação tem que ser colocada em pauta. Mas se eu fosse a Dilma (rs) enfrentaria algum desses nós críticos no primeiro ano de governo para, de fato, construir amplo papel de participação popular em seu governo e nos movimentos sociais.

É utopia, mas seria um passo a frente e não estaremos mais no mesmo lugar... (Chico Science)

sábado, 23 de agosto de 2014

Reservas Internacionais 1994 - 2014

As reservas internacionais representam uma ferramenta essencial na defesa da moeda. Ela nos protege de crises econômicas, surtos especulativos e permitem uma autonomia maior do país frente a um mundo multipolar e instável.
Este quadro apresentado neste post é das reservas internacionais líquidas, em poder do Banco Central (BCB), de 1994 a 2014. Isto faz parte da política econômica vigente, distinta daquela dos anos 90, em que a fragilidade do Real nos levou ao FMI e ao receituário neoliberal.
Quando se fala que o Estado está quites com a dívida externa, é justamente porque temos reservas internacionais, muitas delas no Tesouro Americano, onde somos credores e que garante a defesa da moeda em tempos difíceis.
Ela é atualmente cerca de 10 vezes aquela que existia em 1994 e cerca de 20 vezes as reservas internacionais em 2002.
Por exemplo, em 1999, quando tivemos de obter empréstimo do FMI, nossa reservas estavam em U$23,9 bilhões, em um quadro volátil que manteve o país em grave crise econômica durante o segundo mandato do presidente FHC.
Nota-se que esta política se manteve até meados do governo Lula I, até que começou a mudar em 2005. Estão estáveis no governo Dilma.
As maiores reservas internacionais se encontram com o estado chinês.



quinta-feira, 10 de julho de 2014

Uma abordagem “à brasileira” de Ciência e Tecnologia sobre a Copa do Mundo 2014: comparação Brasil-Alemanha


O Brasil é a pátria de chuteiras. Há décadas, brasileiros de todas as etnias, credos, classes sociais e regiões inovaram e inovam, contruindo o esporte mais popular do planeta. Tivemos craques como Leônidas, Garrincha, Pelé, Zico, Sócrates, Romário, Ronaldos e Neymar, coisa que nenhum país teve. A referência brasileira no esporte profissional é tão forte que todos no mundo nos conhecem pela habilidade com a bola nos pés e pelo nosso fanatismo.

Antes éramos semelhantes aos norteamericanos no basquete: tínhamos “dream teams”, times imbatíveis, que derrotavam qualquer outro país com os pés nas costas... Porém, desde 1982 temos assistido uma evolução técnica e tática de outras seleções que paulatinamente vieram reduzindo essa diferença.

No momento que escrevo ainda não ocorreu a final da Copa, a Argentina poderá ser a campeã, mas a Alemanha conseguiu uma façanha indiscutível ao derrotar o Brasil em casa na semifinal. Ainda mais com aquela goleada histórica, de 7x1... Estupefação que gera curiosidade, afinal como a Alemanha acabou com a seleção brasileira em 10 minutos de jogo? Parece que um Panzer passou sobre nós! Assim, independentemente de quem for campeão,  acredito que nessa Copa foram quebrados alguns paradigmas.

O primeiro deles é aquele proporcionado pela natureza, pelo clima, pelo mando de campo, pela superioridade da miscigenação brazuca e pela pressão da torcida canarinho. Os times sulamericanos ganhavam quando a Copa do Mundo era fora da Europa. Os europeus ganhavam a Copa quando ela ocorria em seu continente. A única exceção havia sido a Copa da Suécia, em 1958. É possível que a Argentina consiga segurar a Alemanha no tempo normal e que seu super-goleiro ganhe dos jogadores alemães, porém assim como a Laranja Mecânica não foi campeã em 1974, o paradigma da força da sede de mundial foi superado pelos teutônicos.



A segunda ruptura de paradigma é o uso intensivo da ciência e da técnica no futebol. A Alemanha é reconhecida pela rigidez, disciplina e profissionalismo no futebol. Sua frieza e racionalidade derrotaram húngaros, holandeses e agora, brasileiros. Mas o que chama a atenção foram as inovações técnicas, táticas, estratégicas e do uso de conhecimentos empresariais até então pouco explorados no esporte.
Elas começam pelo conhecimento pleno do território. Assim como defendia Sun Tzu, a definição e o conhecimento do terreno é essencial. Isso se percebe pela escolha do litoral baiano para treinamento e a adaptação da seleção ao clima brasileiro. Escolha acertada para um time europeu que jogaria todas as suas partidas no nordeste brasileiro.

O Planejamento Estratégico elaborado pela federação alemã de futebol é impressionante. A autocrítica sobre o futebol jogado pelos alemães até os anos 1990 e que foi contada em entrevista do ex-craque Paul Breitner, retrata a mudança de padrão de jogo desde as divisões de base até a seleção e demonstra que o futebol deixa de ser somente paixão, improviso e criatividade, passando a ser ciência, técnica, propaganda e capital.

Chama atenção outra entrevista, da DW, sobre a internacionalização do futebol. Vários jogadores têm descendência ou até origem em outros países, como Polônia e Gana. Esta postura combina com procedimentos empresariais corporativos transnacionais, porém muito além de outros países europeus, como Espanha e Inglaterra. É um processo que amplia a capacidade e a variação do futebol de lá, internalizando talentos de forma articulada. Poderemos ter cada vez mais exemplos como os do Messi, que sequer jogam no país de origem e vão direto para a Europa.

Agora, uma das coisas que mais impressiona na cientifização do futebol alemão e a interação futebol-universidade. A notícia da UOL mostra que os antigos olheiros, agora estão articulados a pesquisadores e, se duvidar, a estatísticos, matemáticos e outros membros da comunidade científica. A quantidade e a qualidade das informações dão aos tomadores de decisão, sobretudo ao técnico e assessores, condições de mapeamento e táticas de jogo antes distantes de quem está no gramado. Por mais que não ganhe o jogo, dá maior previsibilidade para armar a equipe para jogar e diminui as surpresas. A cadeia produtiva do futebol agora se comporta na Alemanha como força produtiva intensiva em mão de obra, mas cada vez mais intensiva em conhecimentos.

E aí entra a questão: o Brasil não tem cultura de inovação. Somos ótimos em trabalhar com imprevistos, improvisos e com a criatividade. A engenharia reversa que fizemos a partir de 1990 deu alguns resultados, apesar daquele futebol feio e europeu. O problema é que o novo padrão estabelecido pela Alemanha exigirá muito mais de nós. Provamos que podemos fazer qualquer evento internacional de porte, mas teremos de reestruturar profundamente o futebol. E precisaremos inovar para isso.

Ter uma CBF profissionalizada, honesta, articulada à comunidade científica, trabalhando com política pública de esporte e lazer, investimento em divisões de base e na regionalização do futebol, com planejamento estratégico e política de internacionalização são os caminhos que teremos de trilhar nos próximos anos para podermos ter competitividade no futuro.

Ou ficaremos como o meu Guarani FC, Flamengo ou congêneres: ultrapassados e quebrados. Parece ser um bom exemplo até para o setor produtivo brasileiro. Ou se inova ou vira importador de bugigangas do Oriente...

E torço para a Argentina nesta final! rs

Referências deste texto: 




quinta-feira, 26 de junho de 2014

A #copadascopas obscurece semana ruim para as oposições no Brasil



Parece que não foi uma boa semana para as oposições:

1. Zé Dirceu derrota Barbosa, que vai para o ostracismo;
2. PSD apoia Dilma;
3. PP apoia Dilma;
4. PR no rumo para apoiar Dilma;
5. Argentina só cruza com o Brasil na final, se isso ocorrer;
6. Governo Dilma gerou 5 milhões de empregos formais, mais do que todo o governo do PSDB;
7. Campinas chega ao seu volume morto e Alckmin libera mais água para não gerar o desgaste político e eleitoral devido à incompetência geral e de planejamento;
8. Copa do Mundo do Brasil é a 
‪#‎copadascopas
9. Inflação está sob controle;
10. Dengue está estabilizada, mas é uma das maiores catástrofes da saúde em Campinas;
11. Mais investimentos para o pré-sal pela Petrobras;
12. Elite branca foi isolada no debate e o vexame do Itaquerão custou caro às oposições, inclusive PSB, que afunda nas pesquisas;
13. Dilma começa a subir e agora com muita consistência.

A postura ditatorial e tendenciosa do (ex)presidente do STF, o Sr. Barbosa isolou o ministro de seus pares. Os escândalos, bate-bocas, medidas imperiais e arbitrárias, como negar direitos a condenados levaram aos resultados de decisões tomadas por resultados de 9X1. O fim melancólico de seu mandato ficou marcado por mais uma vitória da defesa de Zé Dirceu e que continuará após anos de desmandos e perseguições, além do acobertamento do mensalão tucano mineiro.

O PSD, partido criado pelo ex-prefeito Kassab, tinha ligações com o ex-governador de São Paulo, José Serra e se aproximou nos últimos anos do governo Dilma. O apoio fechado com a presidenta tende a enfraquecer a oposição. Idem para o PP e PR. São divisões ao centro e à direita que minam o projeto neoliberal. E isolam ainda mais o PSOL e o PSB, que passam a ser coadjuvantes até involuntários de Aécio.

Apesar da tendência a criticar a geração de empregos formais, que foi reduzida pelo “mau humor” dos empresários, que não investiram para melhorar os resultados da #copadascopas, tem deprimido os investimentos e, portanto, a geração de novos empregos, o Governo Dilma segue seu sucessor na geração de empregos, com mais de 5 milhões criados em menos de 4 anos. Isso ainda sem os resultados do segundo semestre, que sempre tendem a ser melhores do que o primeiro. O descontentamento deles com Dilma parece ter relação com a tentativa de reduzir a taxa Selic e falhas de comunicação na gestão. Mas o fato é que a economia continua a crescer e estamos tendo geração de empregos depois da grande crise de 2008-9.

Os dados econômicos continuam positivos: a inflação está sob controle, os investimentos do PAC, MCMV continuam com bons resultados e o crédito continua crescendo, com controle da inadimplência. Há problemas com algumas cadeias produtivas, como a automobilística. Porém, isso pode ser compensado por outras áreas, como o adensamento das cadeias produtivas relacionadas ao pré-sal, bem como na diversificação das matrizes energéticas e de mobilidade/transportes.

Uma outra questão trazida pela #copadascopas é a questão do turismo. A vinda de centenas de milhares de turistas do Brasil e do mundo inteiro criará novos nichos de exploração do turismo, da gastronomia e da hotelaria. A integração americana trará para as Olimpíadas 2016, novo interesse pelo país sem os fantasmas criados pelas oposições contra eventos esportivos realizados em nosso país. É importante aproveitar melhor a propaganda feita do Brasil em nível internacional para atingirmos uma ampliação formidável de serviços de qualidade no Brasil. Há uma intensividade em mão de obra e isso exige qualificar mais pessoas para hotelaria, gastronomia, transportes, todas com conhecimentos de línguas. Esta aberta esta janela de oportunidade.


Assim, este período de Copa delineia que o Governo Dilma começa a reverter o cenário de desgastes, reduz sua rejeição e sai da onda de pessimismo imposto por parcela das mídias, tendo agora de mostrar o que foi feito pelo país nos últimos 12 anos em comparação ao neoliberalismo, que é a base estrutural de Aécio. PSB e PSOL estão em crise e isso pode levar a uma vitória em primeiro turno. O que ainda acredito que seja difícil, porém esta semana indica mudanças nos cenário político e econômico, quiçá esportivo... #vaibrasil!


No nível local, o desgaste sofrido por Jonas e Alckmin no estado de São Paulo e em Campinas estão no racionamento de água e na maior epidemia de dengue na história de Campinas. Mais de 36 mil casos notificados e 5 mortes, além de prejuízos milionários para a cidade.  Este cenário exige mudanças. E elas serão discutidas em um outro momento...


quinta-feira, 27 de março de 2014

Divórcios, ressentimentos e projetos: a eleição 2014 reafirma projeto Lula-Dilma

Um divórcio sempre é difícil. A condição construída entre as rupturas geradas da coalizão que governa o Brasil desde 2003 nem sempre agrada a todos e o movimento de rupturas ocorre porque não é possível agradar a todos, sempre. Genoino contava há alguns anos que Marina foi formada por ele e por vários membros do PRC que a alfabetizaram e fizeram sua formação política. O PRC, junto com a Convergência e a DS compunham o PT sem necessariamente se incorporar ao Partido dos Trabalhadores. 

Ela era a braço direito de Chico Mendes, que investiu muita energia nela. Marina viveu a dissolução daquela organização e veio para a Articulação. No entanto, sua visão de mundo mudou: ela passou a ser evangélica. E vislumbrou, ou delirou, em ser a nova "Lula". Não foi aceita, claro, e se aliou à Natura e ao Itaú para continuar a "viagem" das Redes, conceito muito discutido na Nova Esquerda, nos anos 1990. É o que acontece hoje, de acordo com a física molecular e o princípio de Incerteza de Eisenberg, atualizando as comparações de Marx com as "ciências duras" no século XIX (há dezenas de páginas em que o corifeu da teoria da praxis faz relações sobre isso...). Contudo, os partidos políticos continuam dominantes, mesmo com sua consistência gelatinosa no Brasil. Logo, o insucesso de Marina para criar seu "partido" e o centralismo democrático na adesão ao PSB são elementos explicativos de que a política teve mudanças, porém sua transição não é aquela vislumbrada por muitos militantes. Ela ocorre de acordo com o processo histórico e nada indica que ela será o que alguns intelectuais prospectam: ela será a sintese de conflitos vindouros.

Eduardo Campos é neto Arraes, das Ligas Camponeses. O "cara" que virou santo em PE porque levou água encanada para mulheres que andavam "com lata d'água na cabeça" no sertão. Senhor sinal de democratização nos anos 1960. Tinha lado. Nos anos 1980-90, já tinha virado um senhor. Seu grupo já tinha motoristas que abriam as portas e esperavam o "Doutor", etc. O neto pegou essa fase. Ele tinha todo o direito de reivindicar a cabeça de chapa em 2018 para a Presidência da República. Infelizmente, sua concepção de mundo o levou para o outro lado.

Política não é feita de ressentimentos, ódios, inveja e preconceitos. É feita de acordo com as concepções de mundo e, claro, das perspectivas e interessses. O ódio de Marina ao PT ainda é grande e Campos não consegue meter pau em Lula porque se fizer isso morre eleitoralmente no Nordeste. Atacar Dilma é mais fácil. Porém, o ressentimento, os sentimentos mundamos, graças a Deus (rs) não movem o mundo. São ideias, valores, concepções (Hegel) e a "barriga" (a economia, estúpido!) que transformam o Brasil e o mundo.

E daí se mostra a aliança oportunista PSB-Rede: o programa conjunto de PE com Itaú e Natura em uma estrutura de coronelismo pernambucano (o PRC lutava contra Arraes...rs) e corporações quase transnacionais, aliados a "ambientalistas" parciais não é rede de atores sociais: é um conjunto vazio. Resta o neoudenismo evangélhico, burguês, coronelista e patrimonialista de sempre. Uma "Torre de Babel" anti-PT.

https://www.youtube.com/watch?v=RTF2xKbPPhk

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014



Polêmicas Vazias e Eleitoreiras




O Brasil, após décadas sem fazer eventos de nível mundial e que ocorrem em períodos relativamente longos, vai realizar a Copa do Mundo (14) e Olimpíadas, em 2016. A decisão ocorreu nos anos 2000, porém somente em 2013, com as grandes manifestações realizadas pela sociedade civil em defesa da pauta social começou a se questionar a realização de grandes eventos esportivos internacionais.




Tenho visto muitas pessoas criticando a Copa do Mundo e as Olimpíadas aqui. Muitas pessoas de esquerda fazem esta crítica porque o esporte de competição pertence à racionalidade econômica dominante (Gorz) e não colabora necessariamente para a cooperação, distributivismo ou mesmo solidariedade. De fato, o que ocorre nestes eventos é uma espécie de spin-off, na qual parte dos investimentos feitos retornam em desenvolvimento social ou até ambiental. E se fossem aplicados diretamente talvez surtissem bom efeito. Talvez estejam certos, sobretudo se a racionalidade for solidária, sequer socialista (basta ver o que URSS, China, Cuba e outros países fizeram com o esporte para ver que este assunto é mais complexo do que esta dicotomia). A eles, o meu respeito.

Contudo, percebo que as críticas que são feitas não levam em conta os benefícios que são trazidos por eventos deste porte no turismo, na infraestrutura (ou na indicação de falta dela), na gastronomia e, principalmente, na imagem dos locais que a sediam. Ou seja, num mundo capitalista isso propicia muito retorno em marketing e propaganda, o que traz retornos indiretos muito bons, semelhantes ao Carnaval ou à Parada do Orgulho Gay ou mesmo marchas de movimentos religiosos e que reúnem centenas de milhares ou milhões de pessoas. Isso sem contar com a propaganda de jogos e competições que são assistidas por bilhões de pessoas ao redor do mundo.




O Brasil cresceu muito e se tornou uma das dez maiores economias do mundo e um dos dez países mais populosos com cerca de 200 milhões de habitantes. Essa condição, aliada à presença de setores industriais, agrobusiness, turismo, cultura e abundância de recursos minerais e ambientais fazem do Gigante Esplêndido uma potência emergente e que incluiu social e produtivamente dezenas de milhões de pessoas nos últimos anos. Falta fazer propaganda disso para ocupar o espaço em nível mundial. China, Russia, Coreia, Espanha e África do Sul, entre outros, fizeram isso. Até porque precisamos ter mais comércio exterior e ter mais alavancagem para ter mais desenvolvimento social. Haverá impacto ambiental, sem dúvida, mas isso terá de ser discutido na esfera pública.




O Brasil realizou os Jogos Pan Americanos e mesmo no Governo Lula isso não teve repercussão negativa, além da grande crítica à malversação de verbas e à péssima execução e/ou planejamento. De qualquer maneira, parece haver muita polítização desse debate, sobretudo na questão eleitoral em si.

Exemplos em outros esportes estão aí, inclusive no Brasil. A realização da Fórmula 1 (F1) em Sampa segue a mesma correspondência. Ela ocorre há mais de 20 anos na capital paulista, após lapso de quase dez anos em que ela ocorreu em Jacarepaguá (Rio). Os benefícios trazidos para a hotelaria, gastronomia e para a imagem do Brasil e de Sampa são indiscutíveis. E não existe nada mais competitivo ou ligado à revolução tecnológica capitalista do que F1. Ninguém até hoje fez manifestações para acabar com F1 e F Indy no Brasil. Porém, em ano eleitoral, isso se transformou em pecado, até para eleitores conservadores...

Este artigo relembra o que a ex-prefeita, atual deputada e sempre assistente social porreta, Luiza Erundina fez ao trazer de volta para Interlagos este evento. E por que não pedem o fim da F1 ou da Indy aqui?




Veja este link:



http://esportefino.cartacapital.com.br/o-dia-em-que-a-prefeita-salvou-interlagos/

sábado, 18 de janeiro de 2014

Observação sobre "O Resgate do Soldado Ryan"

Observação sobre "O Resgate do Soldado Ryan"

O Resgate do Soldado Ryan se resolve em seu início. Cenas de guerra que parecem reais e mostram como soldados são, de fato, no campo de batalha: carne para tiros e canhões. O sentimento de impotência e da brutalização através de pessoas com membros amputados, dor, sangue explicitam a inutilidade da guerra. Cinema de altíssimo nível, cenas que marcam a História do Cinema. Só um gênio pode fazer isso!
A partir dali, entra o Spielberg norteamericano, que procura dar razão a toda a selvageria, no sentido de uma missão com objetivos políticos e que provam que a guerra serve ao propósito do poder e do capital, sempre. Não importa se você é alemão ou aliado, importa o sentido que o ser humano quer dar à sua frágil e breve existência.

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-18598/escrever-critica/