domingo, 4 de outubro de 2015

O que John Constantine pode ensinar ao Brasil?

O que John Constantine pode ensinar ao Brasil?

Já havia escrito em texto encriptado o que acho da conjuntura: "A Nanotecnologia, Voldemort e as Lavanderias: nós somos sujos, mas somos mentirosos?"
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Diante de várias conversas com amigos e colegas, decidi destrinchar um pouco mais do que acho sobre a situação atual de tudo...
Há alguns anos atrás, eu li um HQ de John Constantine, o Hellblazer, de Alan Moore (ver um blog aqui. Depois virou um filme (2005), porém ele não captou o episódio que acho relevante para este post.
No HQ, Constantine lembra em aparência do cantor Sting. É um personagem que combate demônios, tem conhecimentos de ocultismo e é um ser, digamos, escroto. Arrogante, fumante e alcoólatra inveterado, uma verdadeira chaminé que bebe, astuto, inteligente, mas insuportável. Tem sempre uma imagem de mistério, uma neblina a la cinema francês nouvelle vague,  dos anos 1950-60 em torno do personagem.
Ele é odiado no inferno. Matou muitos demônios e é um cara de poucos amigos, no céu e no inferno. Porém, ele contrai naturalmente um câncer no pulmão. Expelindo sangue, sabendo do seu fim próximo, Constantine vende sua alma para três demônios, justamente os mais poderosos do inferno.
Como eles não sabiam disso entre si, quando Constantine estava para morrer, os demônios entram em pânico. Quem vai ficar com a alma  daquele desgraçado: Satã ou seus irmãos? Isso geraria uma guerra no Inferno. Será que os Anjos não podem ataca-los no momento do conflito e os derrota-los? O equilíbrio sistêmico do inferno estava em jogo.
Diante da dúvida, resta manter o status quo e curar Constantine. O que é feito com muito ódio por um dos demônios, mas dá o retorno da saúde e da vida para o anti-herói. E uma virtual imortalidade para o personagem, que passa a ser protegido pelos Demônios, apesar de continuar a combater demônios...
Voltando à conjuntura, diria que vivemos um contexto de multipolaridade, onde há uma nova guerra fria liderada por dois blocos antagônicos: um liderado pela China; outro liderado pelos EUA.









Os EUA, incontestáveis desde 1989, considerados a única superpotência, viram um declínio econômico suave desde então. O crescimento vertiginoso da China criou uma situação em que se gerou outro bloco: os BRICs. Além disso, os EUA cometeram muitos erros nos últimos anos.
O primeiro, foi considerar que a prioridade de suas ações era no Oriente Médio. Ao entrar no Iraque e no Afeganistão, os EUA procuravam satisfazer suas demandas por petróleo e manter o controle sobre a região. Isolaram o Irã e parecia que tudo estava sob controle. Ao mesmo tempo, conseguiram desenvolver com bom retorno financeiro a extração de petróleo a partir do xisto, o que garantiu ótimo fornecimento de hidrocarbonetos no período. As perdas trilionárias e o desgate naquela região oriental talvez não tenham compensado a campanha militar.
Ao fazer isso, deixaram a América Latina sem grande influência ianque. O resultado foi que os países se desenvolveram mais e mudaram sua orientação para os BRICs, UNASUL e até Mercosul. No Brasil, por exemplo, os EUA deixaram de ser os maiores parceiros comerciais e a China assumiu este posto.
Os recentes anúncios do Canal da Nicarágua, de maior profundidade e calado do que o do Panamá, a instalação do Porto de Mariel, em Cuba e a ferrovia que está sendo planejada para cruzar o Pacífico ao Atlântico na América do Sul beneficiam um maior comércio exterior da China com a América Latina.
A priorização do Brasil ao Mercosul, UNASUL e BRICs deixaram os EUA de lado. Isso coincidiu com a recusa de visita de Dilma aos EUA, após as denúncias do Wikileaks, em 2013. Nesse sentido, podemos dizer que os ianques ficaram putos com o Brasil.
Parece que é hora de mudar isso. Sem dúvida, China e EUA começam a desenhar suas áreas de interesse. China quer AL e África. Rússia fechou acordos com a China, criou pacto de não agressão com o Império do Centro e deslocou suas forças militares para o Oriente Médio e futuramente para a Europa. Jamais esquecer da KGB, da qual Putin foi dirigente e do antigo Exército Vermelho e de suas ogivas militares e satélites...
Os EUA estão saindo com suas tropas do Oriente Médio. Deverão manter suas bases, mas tudo indica redução de intensidades de ação militar. Parece que suas atenções se dirigem para a AL. O centro das ações passam a ser no centro estratégico regional, o Brasil.

Logo, me parece salutar que façamos acordos com os dois demônios. Para nos curar de eventuais problemas e sobretudo sobreviver em um ambiente de multipolaridade. Saibamos que o Brasil realmente pende mais para os BRICs. Porém, nossos parceiros antigos têm mais influência cultural e não estão dispostos a serem destratados. Temos de ter mais cautela nisso, senão a conjuntura não melhorará em curto e médio prazo.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A Nanotecnologia, Voldemort e as Lavanderias: nós somos sujos, mas somos mentirosos?

Hoje acordei me lembrando de Bronstein. O intelectual e líder político era muito culto, aparentemente muito educado e sedutor na retórica e na elaboração teórica. Apesar de nunca ter sido do time de suas forças políticas, admiro boa parte de seus analistas. Por isso, decidi escrever à moda desse autor hoje. E vou fazê-lo como se fazia até os anos 1980... rs
O modo de produção capitalista é um dos mais poderosos que já houve na Terra. É verdade que não é o mais longevo e não necessariamente aquele que modificou mais o panorama, porém sua força está no acúmulo de experiência dos modos de produção anteriores, em sua sofistificação jurídica e na capacidade de sobreviver a crises sucessivas utilizando-se de uma tradição seletiva que articula a pós-modernidade e a barbárie.
A Inglaterra e os EUA foram os grandes países hegemônicos desse modo de produção durante a maior parte desses séculos. Porém, sua flexibilidade interpretativa e sua resiliência conseguem estar em todos os países do planeta, com civilizações distintas e que mescla a cultura burguesa às especificidades locais. A indústria cultural fagocita qualquer coisa que significar o lucro.

A China passa a conviver neste cenário com os EUA, a Europa, o Japão e outros países desenvolvidos como uma provável superpotência no século XXI. Seu mercado consumidor, a capacidade de sua força de trabalho e sua influência passam a ser globais, apesar de sempre ter se comportado como país oriental.
Neste cenário, o Brasil sempre jogou de forma a entender e agir sobre essa multipolaridade. O governo Lula investiu no Mercosul nos países do Hemisfério Sul e nos BRICs. Ampliou sensivelmente o comércio internacional com esses países e conseguiu diversificar os parceiros comerciais, com o presidente agindo ativamente nesse processo.

Dilma continuou isso, porém teve problemas derivados da crise econômica mundial de 2008 e acabou por ter dificuldades no relacionamento com os EUA, sobretudo após o escândalo dos Wikileaks, em 2010 e em 2013, com o escândalo de Snowden/NSA. Em 2013, com as manifestações tupiniquins em que acordaram o “gigante adormecido”, as Direitas políticas, a situação defensiva dificultou o cenário de interlocução internacional e colocou em xeque a questão tecnológica, industrial e, principalmente para a Petrobras, empresa que prosperou muito na prospecção e refino de petróleo no mundo.
As dificuldades no relacionamento com os EUA desde então geraram um desequilíbrio na diplomacia, economia e geopolítica multipolar desenvolvida pelo Brasil. Os EUA, que já foram nossos principais parceiros econômicos, perderam peso na América Latina e se encontram em crise. O antigo "quintal" deles foi ocupado por seres que falam russo, hindu, mandarim, português e espanhol, nada mais desagradável para a Águia.
O Brasil passa agora, como país-líder da América Latina e com uma sociedade de tipo ocidental, a ter responsabilidades econômicas, políticas e, porque não, ideológicas no sentido do aprofundamento da inclusão social, produtiva e tecnocientífica na região e no mundo. O porto de Mariel, o Canal da Nicarágua e a ferrovia que interliga o Brasil ao Pacífico, financiada pelo Império do Centro, modificam cenários e desagradam interesses.
Evidentemente é risível o papel de parte dessas direitas numa visão conspirativa da História ou de visões ridículas como aquelas do TFP. O fato, contudo, é que a América Latina tem tido uma orientação mais progressista em grande parte dos países da América Portuguesa e Espanhola, com reflexos negativos para a questão militar, econômica, social e política ianques. Mesmo o governo Obama tem inflexionado para políticas sociais e reatou com o governo cubano, com o auxílio do Papa Chico.
Assim, nós progressistas gostamos muito de Marx e houve uma boa moda de Foucault nos últimos anos. Nós falamos muito disso, mas sempre associamos poder ao Estado. E o fato, na física, é que existe a energia nas estrelas e nos elétrons. Na era da nanotecnologia isso se acentua.
A direita mundial predomina no planeta. Ela não precisa mais ser Chefe de Estado ou de Governo. Suas empresas têm mais PIB do que a maior parte dos países.  Ela disputa hegemonia no campo cultural e é preponderante no campo tecnocientífico. É muito interessante perceber que isso foi trazido para a política. Afinal, quem precisa somente dos velhos líderes e caudilhos latino-americanos? Por que não atuar no nível molecular, atômico das redes sociais? Por que não articular cientificamente as pessoas que possuem uma concepção de mundo orgânica e coerente com o modo de produção capitalista? Afinal, o intelectual orgânico numa sociedade tecnocientífica não é um indivíduo, mas um ser coletivo. E ele é um gigante... rs
Neste contexto, as esquerdas precisam se reunir. Espero que não seja naquele lugar...

E mais, tem de ter uma lógica mais ampla e deixar um pouco de suas vacilações de lado. Termino o texto falando de uma situação da conjuntura que me incomodou. Os desdobramentos da Lavajato, já esperados, levaram ao Cárcere mais uma vez algumas pessoas de esquerda. Recebemos uma espécie de murro na cara e não respondemos. O vacilo maior é não ter respondido nada, sequer uma nota lacônica ou uma defenestração. Somente o silêncio e a falta de noção do que ocorre. Eu não gosto jogar a História no Lixo. Prefiro enfrentar a realidade com alguma lógica estratégica estruturada. Essa lógica de salve-se quem puder não me agrada. E hoje não se pode falar de Voldemort.
Mas o que mais me incomoda é que nenhuma ator social relevante tenha se pronunciado. Aquele que não se pode pronunciar o nome esta semana no Tucanistão (apesar de lideranças nacionais terem se pronunciado, inclusive na base) não teve uma declaração lacônica de aplauso à justiça, que ela se aprofunde e que todos sejam investigados, julgados e, eventualmente punidos. Ou uma saída de que todos são inocentes até que se prove o contrário. Até mesmo uma expulsão envergonhada. Nada. Viramos mentirosos, afinal falamos há mais de dez anos que Voldemort é inocente. E como fica isso? 

Uma boa semana!

PS: Quase 40 horas depois da Lavajato prender Valdemort e seus "comparsas" e parentes, uma parte dos atores sociais relevantes fizeram um pronunciamento... Será que isso representou um, digamos, titubeio do Comando Maior?

terça-feira, 21 de julho de 2015

A redução da velocidade nas ruas: Cronenberg explica!

REDUÇÃO DA VELOCIDADE NAS MARGINAIS DE SAMPA: SOU A FAVOR!

Decidi entrar neste debate por saber que as pessoas estão muito acostumadas a certas situações e saem por aí com sensos comuns e percepções que são repetidas à exaustão: "é a indústria da multa, é o governo se metendo na minha vida, não dá sequer para engatar a quarta marcha...".  E por aí vão os argumentos estapafúrdios feitos inclusive por parcela dos meios de comunicação.

Para não ficar numa teoria sem fim sobre a questão da tecnologia e sua relação com o Homem (e, claro, a Mulher), destaco um dos meus diretores de cinema favorito: David Cronenberg. A tecnologia é uma construção social e histórica. Ela não é neutra, incorpora valores sociais, políticos, culturais, só que incorporados internamente. Têm uma transcedência e podem ser incorporados inadvertidamente por outras civilizações e contextos.

Num dos vários filmes, "Crash",  Cronenberg (diretor de "A Mosca", "Gêmeos, Mórbida Semelhança", "Existenz") aborda a relação Homem - Máquina (ou será Homem x Máquina?), O diretor canadense trata da relação entre o artefato tecnológico mais relevante do século XX, o Carro,  e o Homem. Nesse caso, a "tribo" focada no filme relaciona o Sexo à velocidade e à sensação de vertigem provocada pelo acidente de trânsito. Vários deles relacionam os acidentes de trânsito à cópula, chegando aos orgasmos e à Morte.


Pois é, como dizia a propaganda da falecida VIMAVE: "Pois é"... rs A redução da velocidade em qualquer via causa um fuzuê, um xilique, porque aborrece aqueles que gostariam de andar a 100, 200, 300km/h em avenidas ou rodovias. Na era do Waze, do GPS, mesmo sabendo onde estão os guardas, os radares (que se convertem em lombadas eletrônicas), acusamos uma suposta "indústria da multa". Afinal, a velocidade final é reduzida e a "brochada" da freada gera um anticlímax para quem está acostumado a "voar" pelas avenidas. Ou simplesmente um xingamento, dentro de congestionamentos que nos levam a andar a 20km/h nas mesmas vias... rs

Vale a pena dar uma olhada em como os outros países estão tratando a questão da velocidade em vias públicas. Tem este relatório da ONU , está em inglês. Mas dá para entender... Lá pela página 265-7 ou 8 se nota que mesmo reduzindo a velocidade máxima nas marginais estaremos entre os países mais permissivos em termos desse limites. 

Outra questão é a falta de planejamento e de uma cultura prevenção na sociedade brasileira. Há centenas de milhares de acidentes de trabalho, muitos relacionados ao deslocamento do trabalhador ao local de trabalho, e mais de 30 mil pessoas morrem no trânsito atualmente. Há muitos trabalhos sobre isso nas Universidades e na Fundacentro ou no Ministério dos Transportes e em outros espaços de atuação e vejo que esse déficit cultural prejudica ações que certamente reduzem mortes e acidentes. Afinal, a redução de velocidade diminui impactos, choques e tem o potencial de reduzir a quantidade e a gravidade dessas ocorrências.

E a conta vem para o Estado, ou seja, para todos os cidadãos, sobretudo os mais pobres, que pagam mais impostos no Brasil. Logo, muitos têm de ver os custos das mortes, ferimentos, previdência social, além de custos de infraestrutura para bancar 40.000 mortes e centenas de milhares de feridos nas vias de rodagem do país todo ano. 

A histeria sobre o tema reflete, portanto, aspectos culturais, educacionais e fisiológicos ocasionados pela relação Homem x Máquina e que tornam o primeiro um apêndice do segundo: o Veículo Automotor ainda prevalece nas relações sociais, de classe, gênero, etnia e poder. Carro é status, quem não tem ou não usa é ralé... E quem não pode esnobar que anda rápido, voa e usa o seu carro para gerar adrenalina e mexer com os hormônios é um trouxa... 

Levará alguns meses para os dependentes do Carro verificarem que seu vício será reduzido. Tenho certeza que haverá quedas nos indicadores de acidentes com carros nas Marginais. Quem viver verá!


domingo, 19 de julho de 2015

Doutor Jivago


Doutor Jivago é um romance que resgata o século XIX em um pano de fundo muito pronunciado da transição da Rússia czarista para a emergência da Revolução Russa.

O diretor, David Lean é um especialista em grandes tomadas, paisagens que vão de desertos a florestas equatoriais, sempre envoltas com o mistério da natureza frente a momentos limites, como aqueles que se vive em guerras. Foi assim em A Ponte sobre o Rio Kway e Lawrence da Arábia, outros clássicos dirigidos por ele. As várias loucuras das guerras são expostas neles e a crítica parece ser maior do que a simples leitura de suposto macarthismo no filme.

Vai além, porque resgata a fome, a miséria, o massacre de trabalhadores e a derrocada do czarismo. A guerra civil entre russos brancos e vermelhos permite o entendimento do início da União Soviética, os excessos e o aumento da opressão e da crescente falta de liberdade de expressão no capitalismo de Estado naquela sociedade de tipo oriental. A cena final mostrando a usina hidreelétrica e o trabalhador padrão permite observar uma suave crítica política do diretor e do autor da obra ao modelo social da época.

O amor entre os dois principais atores percorre a estória e desliza por paisagens e locais lindos, gelados, pradarias verdes e sua tensão permanente foi muito bem desenvolvida por Shariff e Christie. Muito elegante esse filme.

Mais em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-4754/

terça-feira, 30 de junho de 2015

Utopias Possíveis para o Brasil: precisamos de uma para viver!

Ontem estava conversando com uns amigos à noite e discutindo a crise. A crise econômica, civilizacional e outras amenidades... rs

Há alguns dias atrás ouvi uma declaração de Lula é que era necessário uma nova utopia.

Aquilo me incomodou, mas foi algo que acredito que seja essencial para qualquer reflexão contemporânea.

Lula, sindicalista, falava em 1978 que a utopia dele era que todos comessem três vezes ao dia, tivessem um carro na garagem de sua casa, que todos fossem para a escola, tivessem acesso ao hospital e, claro, tivessem emprego. Era mais ou menos o que tinham os metalúrgicos daquela época.

Passado quase 40 anos percebe-se que aquela utopia, que pareceria simples a um militante de esquerda na época, que queria uma outra sociedade distinta, está superada.

Foram gerados mais de 20 milhões de empregos formais, o programa Minha Casa Minha Vida atingiu mais de 3,5 milhões de casas afora o SFH que atingiu outros milhões, a produção automobilística mais do que duplicou no Brasil, houve ampliação do atendimento no SUS e na educação, sobretudo em nível superior e técnico médio, houve ampliação grande da rede pública e da rede privada. Não está tudo uma maravilha, mas digamos que o que o líder metalúrgico que virou presidente afirmou como meta está contemplada ou estará em poucos anos. Estamos entre as 6 maiores economias do planeta e somos desiguais ainda. Porém, aquela utopia de Lula será atingida em prazo médio de tempo.


Parece que precisamos de mais desafios. Qual é o país que desejamos para os próximos 30 anos? O que queremos para nossos filhos e netos? Qual economia será aquela encontrada aqui? E o desenvolvimento social e cultural queremos? E corporativamente falando, o que será dos futuros idosos? rs

A utopia é necessária para termos vontade de viver, lutar e brigar por direitos e por uma sociedade melhor. E aproveitando momentos de crise, é necessário a felicidade e a racionalidade para perseguirmos metas que podem ser tão sóbrias e profundas quanto as de Lula ou outras, até mais sofisticadas ou elaboradas...







Passeando com meu filho pela ciclovia da Avenida Paulista vi várias pessoas felizes, bandas de blues rock, rock de mulheres, rappers, espaços para crianças, bicicletas emprestadas e uma sensação de fantasia na Terra: vc pode viver em uma Avenida Paulista sem carros! E ouvi alguém falando para outro: "Olha, nem precisa ser tanto, poderia ter uma, duas vias abertas"! Um futuro melhor é possível em uma cidade que é cosmopolita, mas egocêntrica; plural, porém cheia de reacionários. Ou seja uma cidade portadora do futuro e do anacronismo, contraditória e antitética.

Assim, acredito que o prefeito Haddad tenha em suas visões de futuro vislumbrado uma cidade mais verde, com transporte público, de massas, com mais verde e mais igualitária. É um desafio, uma utopia. Uma utopia possível, que precisamos desdobrar nacionalmente. Afinal, demos muitos passos à frente e não estamos mais no mesmo lugar do pernambucano...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Made in Brazil na Virada Cultural Paulistana 2015 - jam session

Made in Brazil na Virada Cultural Paulistana 2015. Made in Brazil é contemporâneo dos Mutantes, Terço e tantas outras bandas. Essa jam session é histórica, aconteceu com vocalistas das bandas do Made, Casas de Máquinas (Simbas), Korzus (Marcello Pompeu), participação mirim de um moleque com camisa da banda Harpia (Metal SP - anos 1980 - filho do Marcello)... antológico!

Mais de 40 anos de história do Rock and Roll e do Heavy Metal no Brasil.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Cidadania duplicada e de mão dupla: O fim do início do governo Dilma II

O final de semana foi realmente emocionante. O Brasil respirou política em todos os seus poros, vivendo momentos tão intensos quanto aqueles proporcionados pelas eleições 2014. Na oportunidade escrevi alguns textos aqui, ali e acolá sobre aquele processo político e eleitoral. Entendo que este final de semana muda o cenário político e social do país para o próximo período. Acaba-se os primeiros cem dias do segundo mandato do governo Dilma com um desgaste inédito de imagem para um governo, somente menor do que aquele vivido por FHC, em 1999. E a fica sempre a pergunta de Lenin no ar e um sentimento que não compartilho, de que estamos derrotados em nosso projeto. 

Muito longe disso...




Estamos estranhamente na defensiva desde a vitória eleitoral em outubro de 2014. Houve grande expectativa de alguns setores econômicos e sociais numa possível reviravolta eleitoral que recolocasse o campo conservador no poder central. Aécio Neves foi o representante de segundo turno do neoliberalismo, de setores econômicos encabeçados pelo setor financeiro e por setores sociais que têm grandes questionamentos à política de inclusão social e produtiva, além da questão dos direitos humanos. A decepção pela derrota mudou a forma como a oposição se comportava há décadas.

O PSDB, partido originado de parcelas do MDB, representou no final dos anos 1980 e início dos anos 90 uma força progressista que apoiou Lula no segundo turno contra o neoliberalismo apoiado decisivamente pela Rede Globo de Televisão. A postura daquela força política composta de políticos profissionais, muitos deles oriundos do movimento estudantil presente até 1964 ou de parcelas da comunidade científica, era de um certo refinamento nas ações políticas, mais baseadas na inteligência, no conhecimento e na influência do que na ação política direta. Havia uma espécie de social democracia morena, sem movimento sindical ou social, porém com agenda de construção de um “estado de bem estar social”.

Nos anos 1990, fruto das mudanças nacionais e internacionais, os tucanos mudaram seu programa para chegar ao poder. As mudanças na social democracia europeia revelavam uma aproximação com a direita neoliberal. O esgotamento do welfare state,  a Queda do Muro de Berlim e as mudanças técnicas advindas da revolução técnico-científica e da reestruturação produtiva fizeram as forças políticas no nível geral serem influenciadas pela moda intelectual e econômica do contexto, neoliberalismo acompanhado da globalização econômica.
O PSDB fez uma aliança com parcela da antiga Arena, o PFL, partido composto pelas oligarquias que comandavam o nordeste brasileiro. A aliança PSDB-PFL consolidou uma aliança de grupos sociais e políticos do centro-sul e do nordeste. O partido novamente mudou seu rótulo para Democratas (DEM) nos anos 2000.
De fato, foi grande mudança amparada pelo Consenso de Washington e por uma grande quantidade de governos de orientação neoliberal aplicando as mesmas políticas no continente. A reengenharia política se coadunou ao Plano Real e permitiu um período de 4 anos de ofensiva política e 4 anos de crise sob o comando de FHC.
A prática tucana envolvia uma suposta cultura de refino acadêmico, de usar ações de inteligência e perceber que nada mudaria no cenário, por mais que eles se esforçassem. Portanto, dado que o capitalismo era assim mesmo, que as elites eram subordinadas, neocolonizadas na América Latina e a globalização estavam dadas, restava a adaptação e ações específicas de acordo com o grupo de interesse. E somente se mover no momento adequado com precisão cirúrgica.
Na oposição a partir de 2003, o PSDB pareceu patinar e ficou vários anos fazendo uma oposição “light”. Tendo abandonado o país em séria crise social, com alto desemprego (acima de 10% IBGE e mais de 16% no DIEESE em vários lugares do país), crise de endividamento, taxa Selic a mais de 20%, insegurança energética, além da fome e da miséria, os tucanos acreditavam que o governo Lula seria um desastre. E usaram somente sua ofensiva a partir de 2005, a partir das contradições internas dentro do bloco de governo e com uma operação orientada a quebrar o centro do governo federal e deixar Lula sangrando até o final. Bornhausen, do PFL, defendia acabar com a raça, mas era minoritário no bloco conservador.

O resultado inesperado pelas oposições foi que o governo Lula havia feito uma “revolução silenciosa”. O aumento do salário mínimo, dos milhões de empregos até 5 SM, o Bolsa Família, assim como o Prouni, Luz para Todos e outros programas como financiamento imobiliário via SFH começaram a surtir resultados e fizeram os excluídos votarem maciçamente no Lula em 2006. As realizações do governo encabeçado pelo PT foram superiores aos danos causados pelo “Mensalão”. 
O crescimento dos BRICs, notadamente da China, contudo, trouxe um aumento expressivo da exportação de commodities, o que permitiu um crescimento médio do PIB de 4%a.a. nos dois governos. Isso sustentou uma mudança na estrutura social, contudo sem mudança cultural no nível econômico-corporativo, de classe para si.

De 2007 a 2010, novamente a oposição insistiu na veia neoudenista, reutilizando centenas de vezes o “maior escândalo da história do Brasil” nos noticiários, tentando inviabilizar o governo federal. Como observamos e aprendemos com a experiência nazista, uma mentira contada milhares de vezes se torna verdade. Isso parece ter ocorrido em grandes contingentes da sociedade, que mesmo com instrução formal têm como único contato para (in)formação, os jornais, revistas e meios de comunicação tradicionais, fruto de concessões estatais sem controle público e geralmente oferecida a grupos econômicos, políticos ou religiosos, constituindo na prática uma grande concentração de capital, oligopólica e com interesses difusos no Mercado e no Estado.

Estas políticas, em paralelo, começaram a reduzir paulatinamente o poder político das antigas oligarquias nordestinas. O PFL, com alguns de seus membros pela primeira vez fora do poder desde 1500, começaram a definhar ou mesmo morrer, como o caso de ACM. Foram perdendo paulatinamente seu poder político, baseado no carisma, na fome, na miséria e até no cabresto. Perderam municípios, capitais e estados, culminando com o mensalão do DEM, no DF, em 2009-10. As políticas sociais em nível federal adentraram os municípios e provocaram desenvolvimento econômico e social no interior sem a intermediação dos coronéis. O enfraquecimento da oposição se dá de forma generalizada, sobretudo naquela região.

O PSDB também mudou. Paulatinamente se verificou a saída lenta e gradual de acadêmicos, pessoas históricas, falecimentos de lideranças e a entrada paulatina de políticos tradicionais, conservadores e até carismáticos, como Geraldo Alckmin, apelidado jocosamente de "Chuchu", mas que é o presidente do Tucanistão. As mudanças internas nos quadros sugerem menos requinte intelectual, mais conservadorismo e um tipo de militante mais ativo, orgânico e articulado às bases. Pessoas que criam empatia com seu público e sabem comandar, além de serem muito mais conservadores do que os antigos sociais democratas sem apoio sindical. Evolução tucana que os levou à centro-direita e até à direita em alguns casos.

Tempos de vacas gordas.

Houve a criação de mais de 20 milhões de empregos formais, inclusão social e produtiva de mais de 30 milhões de pessoas, criação do PAC e do MCMV, além de continuações dos programas de inclusão social e produtivos anteriores. A ampliação do (micro)crédito se acentua justamente quando ocorreu a crise mundial de 2008-9, com redução da taxa Selic, redução do spread bancário e outras políticas anticíclicas. O Brasil cresceu e tornou aquela crise uma marolinha.

Em 2009, Serra procurou Lula para conversar sobre o cenário. Avisou que só sairia candidato em março ou abril e que até lá haveria a construção do consenso no ninho tucano. Isso gerou condições para uma aceleração do processo eleitoral, aumento de todas as atividades políticas e emponderamento da candidata Dilma, até aquele momento ministra chefe e candidata indicada pelo presidente para sua reeleição e que tinha pouco conhecimento público e dos eleitores. O resultado veio pela situação econômica estável, pela inclusão social e pela ótima avaliação do Lula, apesar de um embate político que preponderou a questão do papel do Estado e questões comportamentais, como a legalização do direito ao aborto. Novamente, os tucanos erraram. Mas parecem ter evoluído.

O governo Dilma enfrentou a crise econômica mundial com políticas neokeynesianas e procurou aprofundar as políticas anticíclicas e tornar o país mais desenvolvido. Tentou reduzir a taxa Selic, o que o fez até 2% reais, mantendo a inflação sob controle, gerando empregos e fortalecendo a Petrobras, o BB e a CEF. Houve, então profunda irritação do setor financeiro e de investidores, que queriam ampliar os seus ganhos e haviam sido contrariados sem a devida atenção dispensada. A intenção de construir um país com mais autonomia, líder regional e qualificado para influenciar as decisões mundiais entrou em conflito com o Capital.


Em junho de 2013, ocorrem as manifestações inicialmente conduzidas pelo  MPL, reivindicando a redução das tarifas de ônibus e a priorização do transporte coletivo. Iniciado pequeno começou a ganhar volume devido ao descontentamento da esquerda e da população devido a muitos fatores, entre eles as falhas sensíveis de comunicação entre o governo e o povo, além de atores sociais relevantes. A eles se agregaram outras demandas trazidas pelos movimentos sociais que demandavam novas pautas. O movimento ganhou uma articulação de interesses abrangente e universal. E teve a sobreposição de outros interesses.

Contudo, a violência apareceu nas manifestações, infiltradas por movimentos de direita e de inspiração fascista, além da ultra-esquerda. A violência dos aparatos de segurança contra os manifestantes criou as condições para um crescimento massivo do movimento. Houve crescimento deles e a partir de um determinado momento a pauta incorporou atores sociais de amplo espectro ideológico, que protestavam contra os governos e que foram ocupando espaços, inclusive com o uso da violência. Eles continuaram em 2014, com o movimento #nãovaitercopa e constituíram as bases da oposição conservadora.

Vacas magras...

Como já tratado neste blog, fomos vitoriosos em 2014. Logo após a vitória, houve forte pressão pelas operações Lavajato, executadas no combate à corrupção na Petrobras e que desbaratou quadrilhas de doleiros, empresários de grandes empreiteiras de construção civil que fraudam licitações e elevam sobrepreços, articuladas ao repasse financeiro a políticos de diversos matizes. Além disso, o setor financeiro investiu fortemente para a indicação de um novo ministro da Fazenda que fizesse a política para eles. O nome escolhido, de Levy, nome do mercado que já trabalhou na equipe econômica do Governo Lula  veio e aplicou o remédio amargo, além de elevar a taxa Selic e tentar reduzir benefícios trabalhistas. 

Enquanto isso, assistimos a uma redução do crescimento chinês, de 10 para 7%, redução das exportações de commodities, crise no setor do petróleo, com a OPEP reduzindo o valor do barril de U$100 para quase U$50,00 e uma ofensiva geral conservadora nos principais países da América Latina, exceção feita ao Chile e ao Uruguai. Por enquanto.

Esta nova oposição é ampla e multifacetada. Reúne desde jovens progressistas que cresceram nos anos 1990, mas que não se lembram da década neoliberal, até movimentos fascistas que buscam perseguir militantes de esquerda e de igualdade social, racial e de gênero reinstaurando uma ditadura militar coordenada pelos países centrais. É heterogênea, porém conduzida por partidos políticos tradicionais (PSDB e DEM), movimentos neofascistas e grupo econômicos interessados em mudar a orientação política e econômica. Sem falar dos impactos nacionais e internacionais que se reorientam após estas mudanças.

Foram marcadas mobilizações pelos movimentos sociais e pela oposição conservadora. De um lado, aqueles que querem manter a Petrobras, combater a corrupção, manter e conquistar novos direitos sociais e reorientar a política econômica do Governo Dilma, que parece titubeante. O apoio crítico de vários movimentos sociais é um contrapeso ao movimento de massas de direita e, apesar de organizado tardiamente, demostrou ter capacidade de mobilização, envolvendo mais de 200 mil pessoas numa sexta feira, 13 de março, chuvosa na maior parte do Brasil.


extraído do 247

Inicialmente o outro movimento tem predominância forte de brancos, concentrados no centro sul, com boas condições financeiras e bom nível de instrução formal (ver aqui). Abrange grupos conservadores e tende a querer o consentimento da nova classe média e do lumpesinato. Claro, não querem a participação ativa de grupos subordinados, querem o voto deles, como sempre ocorreu. Porém, inicialmente, há descontentamento difuso contra o governo e não rejeição sistemática dos segmentos populares.



Parece haver tempo para mudanças necessárias para convencer quem se beneficia dessa política e polarizar a classe média, abandonada há 12 anos sem comunicação eficiente. Acredito que o PT terá de polarizar a sociedade com aquilo que é apontado por Douglas Belchior neste artigo e com propostas mais abrangentes: para as classes C-D-E, como forma de construir mais relações ético-políticas; fortalecer os laços que temos na classe média, com seus setores organizados, como metalúrgicos, petroleiros, bancários, professores, médicos, psicólogos, entre outros; priorizar setores econômicos que tenham a ver com o histórico de relações estabelecido e com possíveis vetores de desenvolvimento econômico no futuro.



Precisamos, portanto, de uma nova política de comunicação, desde o nível molecular, da relação pessoal, até o nível dos meios de comunicação e de como as políticas públicas se estabelecem Quem não se comunica, se estrumbica.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Dilma e Movimentos: Não tem uma coisa de cada vez, é tudo ao mesmo tempo agora!



O Luis Carlos Azenha, do Blog Viomundo, escreveu hoje um excelente artigo sobre as falhas de comunicação do PT e do governo Dilma. Achei um tanto fatalista:
Governo Dilma e PT perderam a batalha da comunicação. Agora, é tentar evitar o impeachment


Não sou tão pessimista assim.






Acredito que o governo Dilma errou muito na relação com o Congresso, com os empresários, com os movimentos sociais e com toda a sociedade. Sabemos que as características pessoais de um governante mudam a forma de comunicação dos governos. Basta notar Chávez, Castro, Mujica e qualquer sucessor de um governo progressista.



Foto: Brendan Smialowski / AFP



Mas estamos fazendo isso há muitos anos, o próprio mensalão surgiu a partir das contradições internas na montagem da mesa diretora da Câmara Federal em finais de 2004. Só que contamos sempre com a presença de um artilheiro matador, uma espécie de Super-"Romário" da política, um tal de Luiz Inácio - 13, que leva o time para a galera e vira o jogo. O time fica quase sempre emaranhado no meio de campo ou até nas bocas do nosso gol, mas o desequilíbrio vem da sua força, com a bola no peito e os gols acontecendo... O governo é bom, fez excelentes coisas, mas a comunicação, o instituto do animal político e a empatia constroem vitórias sempre.




Digamos que o PT só começou a falar em internet depois de 2002. E começou a falar em redes sociais na década de 2010. Em junho de 2013 li e ouvi de militantes do PT que as manifestações de junho eram fruto de filhinhos de papai, pessoas que não eram de esquerda (e aí me refiro ao movimento estudantil e ao MPL, PSOL, PSTU, PCO, PCB, entre outros de esquerda que iniciaram aquelas jornadas...). Logo, houve uma demora, um "delay" entre a nossa militância e seus governos e as mudanças comunicacionais.



(de


http://www.pressenza.com/pt-pt/2014/07/apresentacao-paulo-genovese-workshop-da-pressenza-global-midia-forum/)






Até estamos fazendo bem o papel. O problema não é não termos os posts do dia, temos de fabricá-los, fazer gambiarras ou textos sem figuras... As "figurinhas" aparecem dois dias depois, semanas depois, etc. O que não me parece o maior problema, pois a nossa riqueza é a pluralidade, a versatilidade e a capacidade de errar e acertar ao mesmo tempo. Dá mais credibilidade e aceitação da espontaneidade e da emoção no processo comunicacional. Ele talvez seja a nossa força, algo que a direita não consegue porque tudo é fabricado, às meticulosamente planejado em uma agência de propaganda. Diríamos que aparenta ser fake.


O maior problema é que estamos acostumados a esperar o Planalto agir, para o partido ser acionado e depois tudo e todos. Ou gostaríamos que isso acontecesse e, claro nunca ocorreu... rs E agora terá de ser distinto: partido, movimentos e blogosfera têm de ter uma política de comunicação social mais articulada e ágil, tendo jornalistas ou profissionais de comunicação social dedicados no governo às redes sociais. Para fazer a propaganda das ações de governo, das políticas públicas e respostas mais centrais aos posts que mais incomodam no dia, na semana, no ano.


Os movimentos sociais têm seus militantes voluntários, alguns com muita experiência, outros não e até jornalistas militantes ou profissionais que atuam na sociedade civil. Eles se ocuparão ao que interessa às pessoas e à classe trabalhadora para si. Podem ser a favor ou contra o governo ou aos partidos. E isso faz parte desse processo, na qual tenho sérias dúvidas de que tudo correrá para um possível pedido de impeachment. Tendo a acreditar que "presta atenção" do Azenha reflita a insatisfação do governo federal em ter mais agilidade nas respostas institucionais nas redes sociais e na internet, ao invés de esperar a pauta da mídia convencional.



Não tem mais centro nervoso, tem redes neurais articuladas e agindo no caos.


E como somos todos newtonianos, eletromecânicos, teremos de ser quânticos e eletroeletrônicos...rs